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Os melhores destinos para empreender

Os melhores destinos para empreender
 
Em um dos anos mais conturbados da economia e da política do país, o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) chega hoje à sua terceira edição, já trazendo reflexos da crise e apontando um diagnóstico, cada vez mais urgente, para a melhoria do ambiente empreendedor nas cidades. O ICE é realizado pela ONG Endeavor, e avalia o ambiente empreendedor de 32 cidades brasileiras sob a ótica de 60 indicadores, distribuídos nos 7 pilares que mais impactam a vida do empreendedor: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.
 
A primeira boa notícia é que diversos municípios já têm utilizado o estudo para direcionar seus esforços no campo das políticas públicas. No caso mais emblemático, o de Porto Alegre, a cidade irá reduzir, até o fim deste ano, o tempo para abertura de empresas - de mais de 200 dias, necessários só para o registro de uma empresa, para até cinco, através do “Projeto Simplificar”.
 
Mas os desafios ainda são muitos, como mostra a edição 2016 do ICE. A começar pelas grandes cidades.
 
Enquanto a capital paulista domina o ranking geral pelo segundo ano consecutivo, Rio de Janeiro (14ª), Curitiba (15ª) e Recife (18ª) perderam respectivamente 4, 7 e 14 posições em relação ao estudo anterior.
 
Os empreendedores cariocas sofrem com o ambiente regulatório, a cidade foi a última colocada do estudo neste pilar, e as condições internas complexas, com custos altos e a pior mobilidade urbana do relatório. Problemas no trânsito também aparecem em Recife, 29ª colocada no indicador. A capital pernambucana viu o número de matriculados em cursos profissionalizantes ser reduzido em 26 mil e uma queda de 25% nas compras públicas municipais. . No Paraná, a capital do estado aparece, pela primeira vez, atrás de Maringá. Além da cultura empreendedora mais favorável no interior, Curitiba tem impostos mais altos, e teve ainda maior recuo na oferta de crédito.
 
São capitais com grandes mercados consumidores, mas que precisarão fazer mais para se tornarem pólos do empreendedorismo nacional.
 
Na contramão, o interior do país desponta: 6 das 10 cidades mais bem colocadas no índice geral não são capitais. Campinas é a terceira colocada geral, e Joinville subiu cinco posições, alcançando o quarto posto. São José dos Campos aparece em sexto, e além das três, entre as 10 melhores aparecem também Sorocaba, Maringá e Ribeirão Preto.
 
Os resultados são reflexo da notável qualidade de vida e dos custos mais baixos, com níveis também avançados de capital humano e inovação nessas cidades.
 
Na edição 2016 do Índice de Cidades Empreendedoras, a cidade de São Paulo abriu vantagem sobre Florianópolis, a segunda colocada. A maior cidade do Brasil beneficia-se com sua potência econômica e pelas condições de mercado, acesso a capital e conectividade, elevando o nível de todo o estado.
 
Enquanto isso, Florianópolis, que liderou a primeira edição do estudo em 2014, repetiu os excelentes resultados estruturais, mas sofreu mais em indicadores como o do PIB e o de compras públicas, além de ter perdido parte do seu fôlego no Índice de Inovação, no qual agora está como vice-líder.
 
Fora do eixo Sul-Sudeste, as condições para empreender ainda têm muito a melhorar - e não é de agora. As melhores cidades do Centro-Oeste, Nordeste e Norte brasileiro são Brasília (16ª), Recife (18ª) e Belém (apenas a 26ª). Embora alguns dos melhores índices de Cultura Empreendedora estejam nessas regiões (a cidade de Natal lidera no pilar), as questões estruturais, o capital humano e a inovação são déficits históricos.
 
É preciso olhar também para as melhorias que podem ocorrer a curto-prazo, como a diminuição da burocracia, que conta com alguns destaques positivos nessas três regiões. A educação pode seguir o exemplo de Teresina e Fortaleza, que vêm avançando consistentemente. Já Recife e Manaus, também atrás do seu potencial, dado o famoso Porto Digital e a Zona Franca manauara, poderiam inspirar as demais cidades a serem mais inovadoras.
 
O empreendedorismo, como era de se esperar, não sai ileso da crise. Além da recessão econômica, que fez o crescimento médio do PIB nas cidades cair, outros efeitos são visíveis. É o caso dos recursos financeiros, com queda na poupança per capita, nos empréstimos e nos investimentos de Private Equity, que teve redução de 23%. Diversos parques tecnológicos ainda não saíram do papel e a educação também foi afetada, com queda inédita na proporção de alunos no ensino médio (de 2,2%) e fechamento de vagas no ensino técnico por todo país.
 
No entanto, há sempre o lado cheio do copo. O número de empresas exportadoras cresceu em 7% e, apesar de o total de empresas também ter diminuído, os setores de TICs e da Economia Criativa tiveram crescimento de cerca de 14%. Ou seja, quem conseguiu inovar mais e buscar o mercado externo, pode estar saindo da crise melhor do que entrou.
 
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O ICE 2016 é uma realização da Endeavor, e conta também com o apoio de parceiros na metodologia e obtenção dos dados: Waze e 99, parceiros no indicador de mobilidade urbana; Anprotec, nas informações sobre parques tecnológicos; EY (Ernst & Young), no desenvolvimento e na coleta de indicadores do pilar de Ambiente Regulatório; META, no índice de Potencial Empreendedor da população; Neoway, no indicador de patentes; Opinion Box, na pesquisa primária de todos os indicadores de Cultura Empreendedora; SEDI, nos indicadores de tempo de processos regulatórios; Spectra Investimentos, nos números do mercado de capital de risco; e Viva Real, nos dados de mercado imobiliário.
 
A escolha das cidades analisadas foi feita com base na concentração de Scale-ups - empresas que apresentam alto crescimento em geração de emprego e renda. Juntos, os 32 municípios, de 22 estados, representam mais de 40% do total das Scale-ups do Brasil e cerca de 40% do PIB. A edição atual do Índice também conta com um aperfeiçoamento na metodologia, com foco nos pilares de ambiente regulatório e infraestrutura.

Fonte: Administradores.com

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